Alvo de discussões nos últimos
dias, o Parcelamento Sem Juros (PSJ) é considerado indispensável para a
economia: em 2022, movimentou mais de R$ 1 trilhão, o equivalente a 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A modalidade permite aos
consumidores adquirirem um produto ou serviço em condições que se encaixam em
seu orçamento e, para o empreendedor, funciona como uma linha de crédito para
capital de giro mais barata.
A ampla defesa pelo PSJ de
compras no cartão de crédito foi feita pelo Sebrae e outras oito entidades
ligadas ao Comércio e Serviços, e ganhou o país por meio de manifesto divulgado
nessa quarta-feira (23).
O documento é uma resposta à
possibilidade de limitar essa forma de pagamento, sugerida recentemente pelo
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo as entidades, o
Parcelamento Sem Juros não pode ser associado a uma ideia de irresponsabilidade
financeira. Pelo contrário, registra o grupo: “restringir o PSJ é restringir a
competição e privar a população, o varejo e a economia como um todo de uma
ferramenta essencial”.
Para o Sebrae, o alto valor
cobrado nos juros do rotativo pode prejudicar o funcionamento das empresas e
impedir o consumo das famílias. E os pequenos negócios seriam os mais prejudicados
com a taxação.
O presidente do Sebrae, Décio
Lima, lembra que o acesso a crédito no Brasil ainda é um grande entrave que
impede o desenvolvimento econômico e social de forma mais vigorosa e
sustentável, tanto para as empresas quanto para as famílias.
“Precisamos dar garantia para que
as micro e pequenas empresas tenham longevidade e segurança. O parcelamento com
taxação é inimaginável frente às naturais dificuldades econômicas enfrentadas
pelo setor na voracidade própria do mercado. Os pequenos precisam ser
protegidos para continuar tracionando a economia brasileira", argumenta
Lima. “É preciso corrigir o problema dos juros, mas, ao mesmo tempo, não criar
outros".
Repercussão
A iniciativa do manifesto repercutiu
na imprensa e nas redes sociais ao longo dessa quarta-feira (25). Não seria
para menos, dado o impacto de coibir esse tipo de parcelamento. De acordo com
estudo da LCA Consultores, caso a restrição realmente avance, geraria um
aumento no custo de crédito de 35% e uma retração de até 27% no volume do
crédito.
O varejo perderia R$ 190 bilhões
em vendas, gerando um efeito dominó sobre os outros setores da economia. “É
inadmissível que o Parcelamento Sem Juros – grande aliado dos consumidores,
varejistas e empreendedores – seja extinto, taxado ou alterado. A livre
concorrência deve prevalecer”, acrescenta o manifesto.