A vacina contra a chikungunya
desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela empresa de biotecnologia
franco-austríaca Valneva, mostrou alta imunogenicidade, com produção de
anticorpos neutralizantes em 98,8% dos adolescentes que integram a fase 3 do
ensaio clínico conduzida no Brasil. O imunizante também demonstrou um bom
perfil de segurança, independentemente da exposição prévia à chikungunya,
segundo o estudo.
Estes são os primeiros resultados
da vacina em um país onde a doença é endêmica, ou seja, que possui frequente
circulação do vírus. As informações de segurança e imunogenicidade servirão de
base para solicitar a aprovação do produto no Brasil, pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), e na Europa, pela European Medicines Agency
(EMA). A expectativa é submeter o pedido de aprovação para a Anvisa no primeiro
semestre de 2024.
Na última semana, a vacina foi
aprovada para adultos pela agência reguladora dos Estados Unidos, Food and Drug
Administration (FDA), tornando-se o primeiro imunizante autorizado para uso no
mundo contra chikungunya.
“Os dados são excelentes e
mostram que estamos no caminho certo. É uma vacina segura e com alta capacidade
de induzir anticorpos protetores. Estamos otimistas que, respeitando todas as
etapas de estudos e validação pelos órgãos reguladores, poderemos oferecer essa
vacina para proteger as pessoas desta doença que infelizmente acomete o país”,
afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.
Impactos da chikungunya
O vírus da chikungunya circula em
mais de 110 países. No Brasil, só em 2023, foram registrados 143.739 casos
prováveis de chikungunya, com maior incidência no Sudeste, seguida das Regiões
Nordeste e Centro-Oeste, segundo o Ministério da Saúde.
Em relação aos óbitos, apenas
neste ano foram confirmadas 82 mortes, grande parte delas com comorbidades
associadas (73,2%). Entre 2021 e 2022, houve um aumento de mais de 100% nos
casos da doença. Transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus,
a infecção pode deixar fortes dores crônicas nas articulações como sequela,
além de gerar complicações graves em recém-nascidos infectados durante o parto
e idosos com comorbidades.