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Jornal O Impacto - Guararapes e Região

Santa Casa de Guararapes passa a fazer exames laboratoriais em Araçatuba

 

                Desde o início deste mês, todos os exames laboratoriais requisitados pelos médicos da Santa Casa de Misericórdia estão sendo realizados em Araçatuba, e não mais em Guararapes.

                A transferência dos exames para a cidade vizinha ocorreu pelo distrato do contrato de prestação desses serviços, feito a pedido do laboratório de Guararapes, que por vários anos serviu tanto o Pronto Socorro, como as alas de internação SUS e convênios, disponibilizando seus equipamentos e profissionais 24 horas por dia, sete dias por semana.

        Essa mudança gerou questionamentos fervorosos do vereador Rodolfo Silva (sem partido) nas duas últimas sessões ordinárias da Câmara Municipal, que levou à tribuna documentos e áudios, exibidos também na transmissão ao vivo pelo canal YouTube do Legislativo.

           Em tom de denúncia, Rodolfo questionou a transferência dos exames para Araçatuba, argumentando que isso estaria afetando o tempo de espera e a lisura dos resultados, embasado, segundo ele, em reclamações de usuários da Santa Casa e em cópias de supostas análises laboratoriais cujos resultados estavam manuscritos, conforme foi mostrado na transmissão online.

            Nesta quinta-feira (28), O Impacto entrevistou o administrador do hospital, Roberto Carlos Domingues, e a advogada Lúcia Rodrigues Fernandes, que presta assistência jurídica voluntária ao hospital e colabora com a direção.

            Segundo eles informaram, a rescisão com o laboratório de Guararapes aconteceu por um desacordo entre as partes com relação ao valor pago para a coleta de material, que era fixado em cinco salários mínimos, equivalente este ano a R$ 7.060,00, e o prestador do serviço enviou ofício propondo um reajuste para 19 salários mínimos, ou R$ 26.828,00, a título de “reequilíbrio financeiro”.

            Roberto Domingues e Lúcia Fernandes destacaram que além do valor fixo celebrado para a coleta de material, o laboratório contratado tem direito ao recebimento de outros valores, variáveis conforme demanda dos pedidos de exames, custeados por repasses SUS e convênios, que giram em torno de R$ 7 mil por mês.

              Em ofício, a Santa Casa de Guararapes informou ao laboratório que em virtude de não ter recebido aumento nos repasses do SUS, não possui capacidade financeira para suportar o reajuste proposto e pediu para que a direção da empresa continuasse prestando a assistência laboratorial dentro dos moldes pactuados, o que não foi aceito e o serviço foi cancelado a partir do dia 1º de março.

           Como o serviço médico depende dos exames, a direção manteve contatos com outros laboratórios e, atualmente, os materiais são coletados por profissionais da própria Santa Casa e enviados para análise em uma empresa credenciada de Araçatuba, das 6h às 18h, e, fora deste horário, as análises são realizadas na Santa Casa daquela cidade, das 18h às 5h.

        De acordo com Lúcia Fernandes, o hospital de Araçatuba abriu as portas do seu laboratório pelo bom relacionamento que a provedora da Santa Casa de Guararapes, Jane Aparecida de Oliveira, tem com a direção da Santa Casa araçatubense.

              Com relação ao tempo entre a coleta do material e o recebimento dos resultados, os representantes do hospital de Guararapes disseram que, dependendo do caso, a espera varia de uma hora (urgência) a duas horas (internações).

Os materiais coletados na Santa Casa são levados pelos próprios colaboradores do hospital e os resultados das análises são devolvidas via WhatsApp. “Também combinamos com os laboratórios de Araçatuba que, dependendo da urgência médica, os biomédicos podem enviar resultados manuscritos. Mas depois recebemos os exames scaneados (copiados digitalmente), os quais são juntados aos prontuários dos pacientes”, ressaltou Roberto Domingues.

             Dias após a rescisão contratual, a Santa Casa recebeu uma proposta de prestação de serviços de um laboratório credenciado de Guararapes. A direção do hospital informou que optou por não contratar a empresa da cidade porque já havia feito a parceria com Araçatuba.

           Com esse contratempo, atualmente a Santa Casa de Misericórdia está tendo um gasto laboratorial menor, porque a coleta de material é feita diretamente pelos seus profissionais. Os representantes do hospital afirmaram que a economia obtida com a rescisão contratual, de cinco salários mínimos, não foi pensada, mas sim ocasionada em virtude de uma adversidade, que foi contornada pela direção, “sem prejuízo à qualidade dos serviços médicos”, ressaltou o administrador.

     “Aqui, na Santa Casa, atendemos pessoas, cidadãos. Nossos colaboradores e profissionais da saúde oferecem o máximo que os nossos recursos possibilitam. Não estamos aqui para brincar com algo tão valioso, que é a vida”, concluiu Lúcia Fernandes.



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