Prints de conversas por
aplicativo enviados ao portal de notícias G1 mostram que o
ex-bispo suspeito de estuprar, assediar e importunar sexualmente um padre, de
31 anos, pediu para que a vítima depilasse o corpo dele. O crime aconteceu em
2023, mas o boletim de ocorrência foi registrado no dia 22 de março deste ano.
De acordo com matéria veiculada
nesta terça-feira (9) pelo G1, o padre que denunciou os crimes
afirmou que Dom Valdir Mamede, então bispo da Diocese de Catanduva, o agarrou e
o beijou à força, além de cometer violência sexual. O acusado renunciou ao
cargo em novembro de 2023.
Segundo o padre, antes de cometer
o abuso sexual, o ex-bispo pediu, mais de uma vez, para que ele passasse a
máquina de barbear em seu corpo. Mesmo não se sentindo confortável, a vítima
disse que ajudava o homem enquanto ele se demonstrava respeitoso.
“Ele dizia que gostava de estar
perto de mim, que eu era especial na vida dele. Que se ele fosse transferido,
gostaria que eu o acompanhasse, pois ocupava um lugar especial na vida dele.
Assim, eu ficava feliz porque, até então, não via maldade, o considerava um
pai”, descreve o padre.
Além de cometer a violência
sexual, a vítima também informou que o Dom Valdir ligava por chamada de vídeos,
ficava nu e se masturbava em frente à câmera. “Diante da hierarquia do bispo,
eu me silenciava”, contou o padre.
Os prints foram encaminhados à
Polícia Civil para perícia. O delegado responsável pela investigação, Adriano
Pitoscia, informou à reportagem que foram adotadas providências judiciárias,
como oitivas de testemunhas. O caso está em segredo de Justiça.
Violência sexual
O padre contou que a violência
sexual ocorreu na casa do então bispo, quando o suspeito pediu que ele o
acompanhasse até o local por estar alcoolizado. “Ele pulou em cima de mim, me
agarrou, me beijou à força. Me senti um lixo. Diante desse inesperado, fiquei
travado, não conseguia reagir. Após algumas horas, ele me pediu perdão e disse que
isso jamais voltaria a ocorrer”, lembra a vítima.
Na ocasião, o padre disse que Dom
Valdir pediu desculpas, demonstrou-se arrependido e implorou para que ele não
contasse o ocorrido a ninguém.
Em outra oportunidade, o ex-bispo
obrigou que a vítima abrisse a porta da casa para que ele entrasse. Na
residência, segundo o padre, o homem tentou, novamente, abusar sexualmente
dele. Porém, dessa vez, conseguiu impedi-lo.
Neste dia, a vítima contou que
Dom Valdir se masturbou em cima da cama. Por isso, ela pegou algodões e
recolheu o esperma, o qual foi enviado para o laboratório para análise. O
resultado do exame foi entregue para a Polícia Civil e será periciado.
A vítima ainda contou que
denunciou o caso à Nunciatura Apostólica, que encarregou Dom Moacir Silva, arcebispo
de Ribeirão Preto (SP), a conduzir uma investigação interna da Igreja.
Em nota, a Diocese de Catanduva informou
que não pactua com condutas ilícitas praticadas. Ainda disse que a orientação
em casos de cometimento de infrações civis, trabalhistas ou penais devem ser
encaminhadas às autoridades da área.
No dia 1º de novembro do ano passado,
o boletim da Sala de Imprensa do Vaticano divulgou que o bispo renunciou ao
cargo, sem justificar o motivo. Questionado sobre ter feito o B.O. somente
neste ano, o padre disse que o agressor, afastado da função, voltou a
frequentar à Diocese, o que motivou a denúncia.