O médico e
empresário Ricardo Stoppe Júnior, natural de Araçatuba, foi apontado pela
Polícia Federal como o principal responsável por um esquema de fraude
documental e ocupação ilegal de terras da União na Floresta Amazônica.
Segundo a
investigação divulgada pelo portal G1 e pelo programa
Fantástico da TV Globo, o território invadido, equivalente a 538 mil
hectares, é comparável ao tamanho do Distrito Federal. Há pelo menos 20 anos,
Stoppe Júnior teria se tornado um dos maiores grileiros do Norte do Brasil.
De acordo com
informações divulgadas pelo Fantástico no domingo (18), o médico
teria lucrado cerca de R$ 180 milhões com projetos de créditos de carbono e
outros R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira. Stoppe Júnior foi preso
em junho deste ano, mas as investigações sobre ele e seus sócios continuam em
andamento. A PF identificou pelo menos 50 membros da organização criminosa, na
qual o médico é apontado como um dos líderes.
A Polícia
Federal alega que Stoppe Júnior comandou um esquema de fraudes que lhe permitiu
obter, de forma ilícita, a posse de mais de 500 mil hectares de áreas na
Amazônia. Grande parte dessas terras pertence à União. A investigação revelou
que, através de documentos forjados e pagamento de propinas a funcionários de
cartórios e do Incra, o grupo conseguiu alterar registros oficiais e legitimar
a posse das terras.
O esquema envolveu
a inserção de folhas falsas em livros de registros de imóveis rurais com quase
100 anos de existência. A quadrilha teria ainda simulado a compra de terras de
uma família influente da região, utilizando um antigo casarão, que foi sede do
governo do Amazonas, como fachada.
Os
investigadores enfrentaram dificuldades devido à falta de transparência nos
processos de regularização fundiária e à participação de órgãos oficiais nas
fraudes.
Outro lado
Em resposta ao
programa da TV Globo e ao G1, a defesa de Ricardo Stoppe
Júnior afirma que o médico é inocente e que perícias técnicas e contábeis irão
esclarecer as acusações. Alegam também que sua prisão é desnecessária, uma vez
que ele é réu primário e sem antecedentes criminais.
Incra
O Incra, por
sua vez, emitiu uma nota afirmando que está colaborando plenamente com a
Justiça e encaminhando títulos de terra suspeitos para análise de órgãos como o
Ministério Público Federal e a Polícia Federal, além de investigar a conduta
dos servidores envolvidos.